O ano de 2024 mal começou e o Rio Grande do Sul já contabiliza mais de 2,5 mil casos confirmados de dengue. Em entrevistas sobre o assunto, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, descreveu a situação atual como endêmica, uma vez que 94% dos municípios gaúchos se encontram infestados pela doença e mortes já teria sido registradas. Na segunda-feira (5), o óbito de uma mulher, de 71 anos, residente do município de Tenente Portela foi confirmado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs). Nesta terça-feira (6), foi o caso de um homem de 65 anos, residente em Santa Cruz do Sul.
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Em Santa Maria, o ano começa com 14 casos confirmados da dengue. Mas para o município, que registrou um surto generalizado em 2023 com mais de 8 mil casos confirmados e cinco óbitos em decorrência da doença, o momento é de alerta para que o cenário não se repita.
Nos últimos meses, a Secretaria Municipal da Saúde, por meio da Superintendência de Vigilância em Saúde, vem reforçando as ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti. Além das tradicionais pulverizações em localidades de Santa Maria, a estratégia envolve também a contratação de novos profissionais e uma maior conscientização da população sobre o tema.
Casos confirmados
O monitoramento de diagnósticos confirmados, suspeitos e descartados é feito pela Secretaria Estadual da Saúde, por meio do Painel de casos de dengue RS. Sobre os pacientes que positivaram para a doença em Santa Maria, sabe-se que sete são do sexo feminino e sete, do masculino. As faixas etárias deste público variam, sendo registrado o maior de casos confirmados na faixa de 20 a 29 anos (4). Em seguida, vem as faixas de 15 a 19 anos (3), 50 a 59 anos (3), 40 a 49 anos (2), 10 a 14 anos (1) e 1 a 4 anos (1).
Dengue em Santa Maria*
- Nº de notificações – 102
- Casos confirmados – 14
- Em investigação – 77
- Casos inconclusivos – 0
- Descartados – 11
- Óbitos – 0
*Atualizado em 06 de fevereiro de 2024
Fonte: Painel de casos de dengue RS
Sintomas
Considerada uma das 10 principais ameaças à saúde global pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a dengue exige cuidado com os sintomas. Fique atento a:
- Febre alta (39 a 40°C), com duração de dois a sete dias
- Dor retroorbital (atrás dos olhos)
- Dor de cabeça
- Dor no corpo
- Dor nas articulações
- Mal-estar geral
- Náusea
- Vômito
- Diarreia
- Manchas vermelhas na pele (com ou sem coceira)
Fumacê
As primeiras pulverizações contra o mosquito Aedes Aegypti – transmissor da dengue, Zika e Chikungunya – ocorreram na manhã desta terça-feira (6), no Bairro Nova Santa Marta. Conhecido também como “fumacê”, a técnica consiste na borrifação de inseticida no ar para eliminar mosquitos adultos. Nesta primeira etapa, os locais foram escolhidos por conta do grande número de focos do mosquito encontrados pelos agentes da Vigilância em Saúde.
As ações de pulverização ocorrem após o investimento do Executivo na aquisição de uma máquina própria em novembro de 2023. A entrega técnica do equipamento ocorreu no início de dezembro. Já o inseticida, também comprado pelo Executivo, chegou no final de janeiro.
Em entrevista ao Diário, o secretário municipal da Saúde, Guilherme Ribas, falou sobre as ações:
– Foi diferente do ano passado que tínhamos uma parceria com a Coordenadoria Regional de Saúde, que é do Governo do Estado. Esse ano, temos máquina própria e insumo biológico para ter mais agilidade. Então, as equipes fizeram o levantamento rápido relacionado aos focos do Aedes e a maior incidência foi na Nova Santa Marta. Começamos no mês de fevereiro com ações nestas 40 quadras com fumacê, após já ter ocorrido a visita dos agentes.
Vistorias
Atualmente, o monitoramento da dengue em Santa Maria é realizado por agentes de saúde, que atuam em um raio de 150 metros ou no quarteirão inteiro, quando há notificação da doença.
Em 2023, a equipe contou com um reforço para vistoriar cerca de 140 mil imóveis na cidade. A parceria com o Exército Brasileiro começou em maio, contando com 60 militares para auxiliar também na limpeza e eliminação de objetos com água parada. No período de maior incidência de dengue, a presença do mosquito foi registrada em mais de 45 locais, entre bairros e distritos. Segundo Ribas, uma reunião com representantes do Gabinete do Prefeito e das secretarias de Infraestrutura, de Meio Ambiente, de Licenciamento e Desburocratização ocorrerá na quarta-feira (7), na busca por organizar as novas ações com o Exército Brasileiro.
– Ainda em fevereiro, vamos organizar equipes para que o Exército junto com os agentes de endemia e comunitários atuem nos lugares de maior incidência, fazendo as vistorias e dialogando com a população. Essa parceria é muito importante – afirma o secretário.
Denúncias podem ser feitas para a superintendência de Vigilância em Saúde das seguintes formas:
- Pelo telefone (55) 3921-7159
- Pelo WhatsApp (55) 7400-5525
Municípios da região
Diversos municípios da Região Central têm registrado casos confirmados de dengue em 2024. Entre eles, está Santiago. Na manhã de terça-feira, a Secretaria da Saúde emitiu uma nota sobre um caso importado da doença. Leia abaixo:
"Trata-se de um paciente de 51 anos que retornou de viagem da cidade do Rio de Janeiro (região endêmica) no último dia 24, com os sinais clássicos de Dengue que ao ser atendido pela saúde em Santiago, positivou. Trata-se, portanto, de um caso Importado de Infecção que já se encontra em cura e sem sintomas. O mesmo fora isolado pela equipe da Vigilância Municipal, todas ações de bloqueio na sua região foram realizadas e seguem no monitoramento.
As equipes da Secretaria de Saúde de Santiago, com apoio da Defesa Civil e colaboradores estiveram reunidos nessa manhã para planejar a ampliação das ações de combate e prevenção ao mosquito, que poderá contar novamente com o Exército e demais instituições. Todo sistema de saúde de Santiago está está em alerta, pois o RS está enfrentando uma epidemia de dengue nesse momento, inclusive já com morte confirmada".
Vacina
Devido ao cenário crítico de dengue apresentado em todo o país, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a doença no Sistema Único de Saúde (SUS). A medida foi tomada no final do ano passado. O imunizante Qdenga, produzido pelo laboratório Takeda, foi analisado pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) e passou por todas as avaliações.
Em 25 de janeiro deste ano, a pasta informou a lista de regiões contempladas pelo imunizante na primeira etapa. Para chegar ao número total, foi necessário a utilização de critérios como identificação de regiões formadas por municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes; predominância do sorotipo DENV-2 e maior número de casos no monitoramento entre 2023 e 2024.
A análise resultou na seleção de mais de 520 cidades, distribuídas em 16 Estados brasileiros e no Distrito Federal. O Rio Grande do Sul não foi contemplado. O esquema vacinal contra a dengue será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas (Colaborou Gilberto Ferreira).